Categoria: CRAFT

  • Han?

     

    Quando era miuda ía-se ao sábado ao mercado. Um edificio coberto dividido por sectores. Entrava-se e do lado direito à esquerda, estavam as padarias e os talhos. Ao lado umas escadas que davam acesso ás frutas e legumes – os produtores locais de um lado e os outros do outro. Na parte de fora os tremoços de todo o tipo e as coisas de semear.

    Mas a minha parte favorita era a zona do peixe – logo a seguir ás flores não muito longe do pão.

    A zona do peixe estava permanentemente inundada. saltava-se de poça em poça. tinha cheiros estranhos mas não desagradáveis, falava-se muito alto e o peixe estava coberto de pedras gigantescas de sal que ás escondidas eu apanhava… e gostava daquela acidez que me ficava na boca que me lembrava o mar.

    Hoje, mais de 10 anos depois, voltei à zona do peixe, que é limpa, sem cheiros e sem sal. Há pedras de gelo. E grita-se menos, mas continua-se a ouvir o diga lá minha linda, meu amor e meu anjo aquela coisa de peixeira que se aprende quando se vai para lá trabalhar mesmo quando nunca se passou a noite de pés na areia e credo na boca, como eu imaginava que as outras faziam. Não é que as outras alguma vez o tenham feito, mas eu cresci a ver a Faina e afins e quando se cresce em pseudo-ambiente de esquerda a classe trabalhadora tem que ser sofredora.

    Hoje pedi as 4 douradas e a miuda gira, morenona, matulona, mais ou menos da minha idade (miuda portanto), diz-me:

    – Oh amor são 10 euros e 3. Mas esteja descansada minha linda, que não lhe peço os 3 de volta que até parecia mal.

    – Han? -digo eu – Ahhh! exclamo vários segundos mais tarde. E saí de lá reconciliada.

  • AS NOVAS BOTIJAS ou COLECÇÃO PRIMAVERA/VERÃO!!!!

     

    As novas botijas chamam-se Mucas e foram feitas a pensar nas dores de cabeça e febres!

    e aquelas coisas irritantes de quando chega a Primavera,

    as febres dos mais pequeninos que precisam de mais uma ajuda para além dos Brufen e Benuron.

    não sendo tão frias como as de gel, mantêm no entanto a temperatura durante um periodo mais longo , e não têm de ser envolvidas antes de colocadas em contacto com a pele.

    podem como é lógico também ser utilizadas quentes. e o ideal seria ter duas para situações que exigem a alternância de frio com quente.

    ou até várias não  vá o padrão do saquinho chocar com as cores do pijama…

     

    Nota: a criança da foto não sofreu qualquer tipo de violência durante a produção das mesmas.

    Nota 2: esta semana mais padrões de sacos.

  • Domingo 10 de Fevereiro de 2008 – 14.32H

     

     

    “Sabes mamã, estive a pensar, o Pai Natal são as pessoas.”

  • …e mais Monstras

    na foto, 4 monstras. A maior é só mesmo minha!

    feitas da mesma forma destas galinhas, nas mesmas tardes quentes mas com brisa de Ubud, com o mesmo chá pelo meio e a conversa em frases com verbos no infinitivo.

     

    ficam aqui sossegadas à espera que alguém as leve para casa.

    na barriga, escondida, não há meninos que se portaram mal, mas apenas um saco para o que der e vier, no mesmo espírito deste

  • as tais monstras

    já tinha prometido falar delas
    acho-as tão tão feias que acabam por ser irresistiveis.
    e como todas as mulheres, monstras ou não, também têm segredos.
    mas estas abrem-se:
    e olhem o que lá está dentro:
    o saco é feito de pedaços de tecidos tradicionais javaneses
    os vestidos das monstras têm pedaços de velhas sedas
    e sabem para que são mesmo mesmo úteis?
    não me ocorre nada de momento…
    mas se as não tivesse feito acho que as teria mesmo de comprar!!!
    2 disponiveis
  • Gui, 5 anos e a perder um dente…

     

    Cansada de andar, cheia de xixi e ainda com algum caminho pela frente, a menina precisava de ser entretida. À falta de imaginação começo:

    – Boa Tarde como está a senhora? Vai para casa?- pergunto-lhe.

    – Sim, sim, tenho os meus filhos à espera e tenho imensos sabe?

    – Ai sim? Mas estão sós?

    – Não está lá a nanny, mas penso que ela não é muito responsável. Eu falo falo falo mas ela não me ouve.

    – Então e quantos filhos tem?

    – Bem, tenho 10. 12 são adoptados e os outros 4 fiz na minha barrriga?

    – Ahh então tem ajuda do pai desses, não é? ele fica lá a brincar com eles quando sai?

    – Não não. Nenhum tem pai. Fi-los sózinhos na barriga. Não encontrei nenhum rapaz inteligente…

  • …pra lisboa

     

    Há dias em que apetece fazer tudo à mão. Pegar em qualquer coisa, fio, pano, botões e construir um objecto sem que mais nada possa interferir.

    Há dias em que o nosso desejo ou a frustração de não conseguir controlar o que nos rodeia, ou o que nos afecta, ou o que interfere com o nosso trajecto, nos leva a pegar em fio pano botões e construir um objecto onde controlamos todos os passos.

    Sem máquinas de costura a desviarem-se para o lado que lhes apetece, sem bobines que não bobinam, sem agulhas que paralisam.

    Não, tudo assim na ponta dos nossos dedos. A crescer, a ganhar cor, a ganhar forma ou desforma.

    Mas a brotar como se fosse Primavera. E com joaninhas a trepar até chegarem lá ao cimo que não se sabe bem onde é, porque um cachecol é coisa mais ou menos redonda, mas que quando lá chegam abrem as asas e voam.

    Voam.

  • Do Carnaval

     

    contrariada vesti-a de Branca de Neve. Uma história de que não gosto, nunca gostei e que nada tem a ensinar aos meninos.

     é a menina tonta que vai para a floresta com um caçador, que entra na casa dos outros e come e dorme , que abre a porta a estranhos aceitando ofertas, e que é salva não pela sua astúcia, mas ficando para ali deitada até que vem um principe e faz o serviço.

    a branca de neve é linda porque é branca e rosada.

    e ela lá foi em azul e amarelo tipo bandeira do municipio, com os cabelos livres dos caracóis que a irritam, o batonzinho rosa e a mãe sem máscara mas armada de lenços de papel que limparam o nariz a 3 anões, o vomitado de um príncipe e secaram cabelos de 3 princesas mais incautas.

    e no fim do cortejo animado por meninas crescidas de cueca enfiada no rabo e mamilos semicobertos, ao som de tambores tocados por meninos crescidos devidamente cobertos com calça e camisa, mas ambos molhados pela chuva, ela pergunta: mas e o carnaval onde é?quando vamos?

    e regressa-se a casa onde ela corre a vestir fato de banho e manear o rabo, porque graças ao departamento de educação do meu municipio, as meninas da idade dela aprenderam hoje outras coisas que podem fazer: enfiar as cuecas no rabo e maneá-lo enquanto ritmicamente os meninos batem no tambor.

    e estranhamente ela estava quase feliz, porque passou duas horas rodeada de meninas exactamente iguais a ela. e esta sensação de pertença é quase tão importante como o pseudo rigor politico da mãe.

  • CAPULANA DEALER

     

    quando fiz os meus primeiros quilts de capulanas – dito assim parece que foram muitos na verdade foram só dois mas estão vários em processo de… – várias pessoas me escreveram a perguntar onde arranjava os panos dado os padrões serem um pouco diferentes do que normalmente, por estas bandas, se associa aos panos Africanos.

    já tinha dito que num post anterior que eram capulanas Moçambicanas, não forçosamente originais de lá, mas compradas lá , em Pemba, e a sua maioria produzidas na India para o mercado da Tanzânia. sim a aldeia global!

    julgo que chegou a hora de apresentar a cara da pessoa que as escolhe minuciosamente e lhes faz os devidos testes de resistência e qualidade.

    na foto que se segue apresento-vos o sr. Mumuca, o meu dealer textil, sedeado no norte de Moçambique e que leva verdadeiramente a sério esta delicada tarefa.

    segredo desvendado!

    Nota: o apêndice patal que espreita entre os panos é da progenitora, que ao que consta financia a operação. Fica aqui a garantia de que todos os panos são lavados aquando a sua recepção…

  • STILL AVAILABLE

    uma das maiores com cãezinhos – mas porque só gostam de gatos?

    e o útimo gingerbreadman

  • #10 Teddy Moo

    adolescente rebelde mas com hábitos compulsivos, Teddy _____ aka Teddy Moo,foi até tarde o ursinho da mamã. Depois de uma dia, por voltas das 16.30 ter sentido o despertar da sua consciência social, dedicou-se à defesa dos ursos mais oprimidos a quem foi vedado o direito à hibernação.

    Hoje vive em fuga, disfarçado de vaca. Tem enfrentado sérias dificuldades em encontrar parceira.

  • TEDDY 9

    regressou da floresta com as memórias dos amigos;

    uma tartaruga triste, uma macaco gingão, um esquilo catita, uma coelha com música no coração…

    e pássaros…

    e flores…

  • QUARTA DOS BOTÕES À QUINTA – PARTE 1

    Estes botões procuram uma casa (sou optima em trocadilhos fáceis!!!).

    sou todos solteiros. sentem-se sós.

    têm cerca de 2,5cm de diâmetro os maiores (€1.75). e 2cm (€1.50) os mais pequenos. são forrados a tecido japonês, mas dado os padrões serem “largos”, por vezes é dificil colocá-los aos pares.

    esta semana apresentamos os que estão sós. para a semana os que estão aos pares. na semana seguinte os que estão em trios… e por aí fora…

    J1J2J3J4J5J6J7

    J8J9J10J11

    caso ao passarem com o cursor não surja o nº da foto, queiram as freguesas saber que os botões estão por ordem: começa no J1 e termina no J11, sendo portanto fácil de os identificar!

    eu não me entendo com as fotos no wordpress… aparece tudo fora do lugar…

    mas há muita dignidade na derrota, portanto, desisto.

    gostaria ainda aqui de partilhar a notícia de que finalmente foi confirmada a identidade da Monalisa, sabemos agora que todos os recursos financeiros utilizados ( e que poderiam perfeitamente ter sido dispendidos na valiosa aquisição de botões) estão totalmente justificados. sinto também que hoje o mundo é um sítio melhor para viver.

    para as que como eu por vezes são invadidas por uma terrivel vontade de bater em alguém, mas não o fazem, um link (via Rita)

  • AS QUARTAS DOS BOTÕES…

    passam a ser as quintas, porque o wordpress não me está a deixar colocar fotos…

  • JÁ ESTÁ TUDO A CAMINHO…

    amanhã farei o balanço dos sacos térmicos que restam  e as mais indecisas e as que estão à espera poderão fazer a ultima escolha.

    amanhã também, lançarei para venda os botões japoneses – as quartas dos botões. Todas as quartas haverão botões novos.

    até amanhã!

  • TONTAS TONTAS TONTAS ANDAM AS GALINHAS…

     

    Dizia eu que todas as boggers têm filhos. E que eu também. E grande parte delas usam-nas para demonstrar as coisinhas que vão fazendo. E as meninas aparecem lindas e com ar sorridente e muito muito cooperante, nas fotos com a iluminação certa e ângulo pensado,  que as mães lhes tiram.

    Achando-me eu capaz de fazer o mesmo, vai de pegar na adorável criança e pô-la de galinha na mão em cima do naperon da avó.

    Vários problemas surgiram:

    – lá fora chove (tem que ser cá dentro e já são 6 da tarde)

    – estão a dar os bonecos preferidos e o tema de hoje é um irmão mais velho imaginário (um tema recorrente nos ultimos tempos)

    – estão a dar os bonecos

    – estão a dar os bonecos

    – ESTÃO A DAR OS BONECOS!

    A coisa não correu muito bem. Arrastada para a entrada tiro-lhe mais uma à pressa.

    Anda lá, querida, sorri!

    – Estão a dar os bonecos, mamã!

    – Os bonecos, mamã. ele tem um irmão.

    Em suma a galinha é um saco. Foi feita por mim e pela Ibu Tia em Bali. A Ibu tia é uma senhora com pelo menos 354 anos ou talvez 355, que aproveita todos os pedacinhos de panos do atelier dos filhos e faz estas coisinhas bonitas. vive em Ubud.

    eu passei muitas horas com ela, e fui cortando os pedaços e conversando tanto quanto as minhas habilidades linguisticas permitiam. Fizemos também uns monstros. Mas isso eu mostro amanhã.

    é que estão a dar os bonecos e ele hoje tem um irmão.

  • #8 Scarface

    Ele poderia ter feito a guerra do ultramar, ter-se alinhado na Legião estrangeira, tatuado Amor de Mãe,

    mas escolheu ser o teddy mais cool da minha rua.

    Será por certo o único brinquedo mais ou menos infantil, a possuir imagens substancialmente gráficas

    de uma mulher semi-nua.

    Assim como os passaportes Portugueses.

    apesar de tudo tem uma carinha laroca…

  • FROM RUSSIA WITH LOVE

    Nasceu o Teddy 7.

    É menino.

  • REVISÃO DA MATÉRIA DADA

    Em Janeiro estávamos em Bali. O novo ano trouxe chuva, vento, um mar agitado e uma espécie de esquilos a saltitar de árvore em árvore.

    Passámos a noite no “flying piano” até os proprietários se começarem a despir

    Em Fevereiro inicia-se o processo de desencanto. A Gui adoece pela primeira vez e nasce a Leila. Começa a sentir-se cansaço, um certo esgotamento… mas há pequenas coisas que nos fazem querer gostar.

    Em Março a Gui faz 5 anos e adoece sem que se saiba o que tem e decidimos deixar Timor. Apresento a minha demissão e entro em negociações de data de saída!!!

    Em Abril vamos a Bali para fazer exames e férias. Ao terceiro dia adoeço e fico sob vigilância médica num quarto no Hotel! Mesmo arrastando-me, fiz compras!

    Em Maio intensificamos as sessões de panquecas e maple syrup com a Rita e o Abade. Temos um acidente de automóvel e descobrimos o “Dr.” Luis que recebe Baucau ás quartas e sábados e tem dois dentes de leite. Medicina alternativa em Los Palos…

    Parte de Junho foi passada na cama em recuperação, gerindo o escritório à distância. O cansaço é cada vez maior. Consegue-se “autorização” para terminar o contrato no final do mês seguinte.

    Julho, eleições em Timor. A UN trabalha desalmadamente durante quase 3 dias!!!! Reunimos quase 200 professores no meio do caos e da instabilidade despedimo-nos e partimos. Para Bali.

    Agosto. Portugal, descanso e uma visita ao hospital. Perdemos uma amiga no Benim.

    Em Setembro chega o Dalai Lama, parte o Balzac e inicia-se o periodo do desinteresse!

    Em Outubro renasce a fada do lar que há em mim e começo a recortar os jeans cá de casa.

    Em Novembro nasce o “the great craft disaster”. Um sucesso estrondoso na blogosfera portuguesa apenas comparável ao rigor ortográfico do Abrupto.

    Em Dezembro faço a minha primeira venda internacional para o estrangeiro. Para Austrália!!!! A Austrália é no estrangeiro! e fico tão cheia de mim, que celebro com imensas torradas com manteiga Açoreana.

    Este foi 2007. Um ano pouco emotivo. Poderia ter sido pior. Poderia ter perdido dois ou três dentes ou descoberto orgãos internos masculinos.

     Terminei o ano de mãos ocupadas e descobri que isso me dá uma satisfação total.

     essa satisfação levou-me a compreender que na minha vida profissional preciso de ver resultados imediatos. que preciso de me envolver em projectos com objectivos de implementação rápida e efeitos de curto e medio prazo. preciso de usar as mãos. de ver coisas palpáveis a sair delas. como o patchwork, como os teddies. coisas que aquecem .

    do Great Craft disaster tirei a experiência de aprender a gostar de receber feedback. de me acanhar, mas sabendo que o essencial é não me levar muito a sério, tirar um prazer enorme de saber que as minhas coisas passam por mãos que não conheço, e que as embalagens ao chegar causam emoções semelhantes ás que tinha quando me limitava a recebê-las. e para onde quer que o meu próximo trabalho me leve, sei que levarei o Craft Disaster comigo, adaptando-o ao local, e ao tempo, e à disponibilidade, mas sabendo que preciso dele e da calma que vem de uma tesoura e uma agulha e tecidos que falam quando por eles passamos as mãos.

     Amanhã retomarei a rotina e os envelopes em faltam serão enviados.

    (Incluindo o da paciente Kooca!!!)

    Bom Ano para todas. que os vossos respectivos Deuses vos apontem o caminho e mesmo não vos desviando dos solavancos da viagem, vos dêem a força para se erguerem de nariz ao alto e olhos nas estrelas.