de Natal…

natal

O Natal passou devagar, com tempo, com tudo feito a horas, com um menu que se torna lentamente tradição; pato lacado.

não se respeita a hora e abrem-se os presentes.

surpreendentemente conseguimos nos surpreender com as surpresas que encontramos escondidas nas lojas de Dili e que prontamente levamos para casa.

Na véspera vimos  “Life of Pi”a 3D, no novo cinema, em Dili…

eu disse a 3 D no novo cinema em Dili.

sim, em Dili!

Feliz Natal! Não sei bem a quem desejo isto porque ninguém conhece o novo url do blog. Mas ainda assim, Feliz Natal e paz na Terra mesmo aos Homens de má vontade.

3 D no novo cinema em Dili! 3D!

…de ursos outra vez

No período em que fazia activamente ursos, não trabalhava.

O primeiro urso que fiz com o tecido de uma saia de pêlo comprada num momento pouco inspirado deu-me um especial prazer. É o urso da minha filha e ela como boa menina que é fingiu durante algum tempo gostar muito muito dele!

Os ursos nunca me deram especial gosto a fazer porque não são fáceis. Requerem imenso trabalho e atenção e quando estão a ser montados, magoam imenso os dedos.

Esta semana voltei a fazer um para oferecer ao filho de uma amiga que fazia um ano. Apenas porque queria que ela percebesse que a data era compreendida como importante para nós. Estranhamente, as tarefas morosas deram-me um prazer enorme. O desafio de encontrar materiais básicos alternativos numa terra onde não há nada e o que há nao tem qualidade, transformaram por completo o processo. E assim foi feito um urso para o pequeno Kaito. E mais se seguirão sem que eu tenha a minima ideia do que vá fazer com eles. Mas ao fim de uma série de anos finalmente, e apesar de continuar a furar dedos ao montá-los, sinto uma enorme paz ao cortar e coser e picar-me. E sentia falta disso.

do Novo Ano…

A noite de fim de ano foi passada em casa. Na cozinha.

Sacrificaram-se lagostas. Grandes e agressivas apesar de mortas. Nas pontas dos meus dedos ficaram marcados em memória, os piquinhos de cada uma. Morreram com dignidade.

Nesta casa faz-se extensiva pesquisa antes de preparar um prato. Aquando da confecção, todas as receitas são devidamente ignoradas.

Da cozinha gostamos dos odores que se vão libertando, do som da faca a tocar ritmicamente a madeira, dos minutos de pausa em frente à ventoinha, dos cães muito silenciosamente sentados seguindo cada movimento, da música lá ao fundo, dos foguetes dos vizinhos, das tekis quietas na parede e detestamos a louça por lavar. Ou melhor, detestamos lavá-la.

A miuda cá de casa experimentou champanhe pela primeira vez. Assim só um bocadinho. E lamentavelmente gostou. A miuda cá de casa ofereceu-se para terminar a bebida dos outros. Consta que a avó da miuda costumava em pequena, às escondidas, terminar o fundinho do copo dos convidados da casa.  Hoje em dia diz que o alcool lhe dá alergia… tecnicas para esconder um passado pouco católico!

Minutos após a meia noite, chove torrencialmente. Daquelas chuvas de gotas grossas e rápidas. E a nossa casa no cimo de Vila Verde foi como sempre das primeiras a senti-la. De volta à sala vindos do jardim inundado, ocorre-nos subitamente  que na televisão se transmite a festa organizada pelo Governo em frente ao Palácio e ligamos o aparelho na esperança de que a chuva ainda lá não tenha chegado. Esta esperança não foi motivada pela preocupação. Esta esperança foi motivada pelo desejo de termos a oportunidade de ver a chuva a chegar e as pessoas a correr a fugir, assim em directo na tv.

E Deus na sua imensa bondade, fez-nos esperar 3 a 4 minutos mas concedeu-nos essa Graça.

de fazer o Natal…

 

por muito que se sonhe com um Natal tropical, longe da chuva e do frio do Dezembro Europeu, a verdade é que vivê-lo entre a praia e o ar condicionado a 16 graus na sala, num esforço tremendo para baixar a temperatura, não é agradável.

As bolachas de gengibre sabem melhor com chá quente. Fazer biscoitos é um desprazer por causa do calor do forno. Decorar bolachas é uma impossibilidade porque tudo derreterá com  calor. Nas janelas da sala estão pateticamente penduradas as meias de Natal. Quentinhas, com bonecos de neve e temas de inverno. Chinesas. Ao lado as botas da tia Jana. Personalizadas. A um canto um pinheiro verde vivo de plastico. Chinês. Decorado com bolas todas elas muito vintage e muito plasticas. Chinesas. E curiosamente gera-se uma certa harmonia e a coisa resulta. E o Natal entra pela sala e agarramo-no a ele. Longe de tudo o que se tornou a nossa tradição. Longe das pessoas que o formam e lhe dão consistência.

E criamos assim uma atmosfera artificial a uma temperatura artificial e esforçamo-nos para que no meio da saudade e do vazio que a ausência de gente querida nos deixa, se crie um espaço que deixe memórias das que vale a pena recordar.

de alguma coisa para dizer…

Ponto Quinto das minhas regras do “I can craft and Blog”:

“Quinto: As bloggers de sucesso publicam livros ou participam neles e são entrevistadas em media variados. Hummm… Este é mais dificil! Só mesmo com publicações de autor ou se falar com o jornal cá da terra porque tenho um primo que tem um vizinho que tem um cunhado…”

Ok! Está feito!

A C&T Publishing, que é uma editora Americana da área dos Crafts, convidou-me a participar numa publicação colectiva só sobre Calendários do Advento.

Eu, como sou uma pessoa educada e pouco habituada a dizer que não, disse então que sim.

Nada contrariada e diria mesmo ligeiramente histérica.

Para efeitos estatisticos sou uma Portuguesa publicada no estrangeiro. O resto são detalhes.

É lógico que nunca lhes mandei as instruções porque me fui esquecendo e a mãe, muito à pressa, lá pôs os chinelitos do advento em correio expresso a partir de Portugal e mandou aquilo para a América tendo pago os selos!

Obrigada, mãe!

Portanto, não vos estou a incitar a comprar o livro, até porque ainda estamos em Fevereiro.

Longe de mim a ideia de vos fazer comprar uma coisa só porque eu estou lá e muito provavelmente sendo aquela que só tem fotos porque não mandou o texto…

Longe de mim amaldiçoar-vos por isso.

O importante é que retenham o seguinte: agora posso dizer em estrangeiro nas entrevistas de trabalho – oh yes,  I’m published! – rezando para que ninguém peça detalhes!

de liman korun, liman los…

À minha frente desfilam uma a uma jovens adolescentes que procuram trabalho.
Cabelos compridos. Uns mais do que outros. Presos em ganchos ou elásticos com rabos-de-cavalo longos que lhes descansam nas costas. Naturalmente brilhantes e bem cuidados, com um toque de hena ainda em planta aqui e ali. Umas mais estreitas de corpo, outras com pequeninas formas.
Uma nova geração com acesso a educação em universidades estrangeiras da região que pouco ou nada lhes ensinaram. Que regressam com esperança e que acabarão maioritariamente como interpretes.
Pela mão passam-me as cópias dos diplomas em letras pomposas, as fotos nos documentos com o casaco do fotografo e a obrigatória ausência de sorriso.
E enquanto falam eu analiso-lhes o rosto, os olhos, o nariz, as mãos que se mexem a acompanhar o discurso. Os gestos tão femininos naqueles corpos tão pequeninos.
E descubro numa um sorriso parecido ao da minha filha, e noutra os olhos, e noutra talvez o nariz e tento compor a imagem dela adolescente, assim sentada em frente a alguém que lhe definirá o futuro, cheia de esperança, cheia de sonhos.
E peço desculpa e fecho-me na casa de banho a chorar.
Convulsivamente.
Viro-me e constato que a sanita está entupida.
Um grande cócó desolado flutua castanho e resistente.
Bolas! Toda a gente vai pensar que fui eu!

de a caminho…

em Kuala Lumpur de pes inchados. maldita classe economica.
a estrategia de nos fazerem sair do aviao atravessando a 1a classe ‘e uma especie de lembrete da companhia aerea: olha onde poderias vir deitado se te tivesses esforcado um pouco mais na vida…

e a comida sabe toda a lemon grass. saudades do lemon grass…

de…

eventos recentes comprovam que há uma linha muito muito ténue que nos separa do outro lado. e vamos andando andando e subitamente não sentimos nada debaixo dos pés e a linha foi atravessada. e os outros procuram-nos e já não nos vêm e ainda há tão pouco estávamos ali.

na despedida da mulher-mãe que partiu esta noite que passou, ficou-me na mente a frase da S. :” que tenhas uma linda viagem”, e gosto de imaginar a Zé, com quem nunca tive intimidade, mas que fazia parte dos meus dias e de todos os que partilharam anos em Dili, dona da barca, em grande estilo, loura, linda, senhora do seu nariz a pôr definitivamente em pratos limpos essa história do sexo dos anjos.

e se alguém me disser que ela voltou para contar, eu acharei perfeitamente natural. porque as pessoas estão vivas enquanto são lembradas e algo me faz concluir que esta Zé vai durar muitos muitos anos.

Descansa em paz.

de manias…

começa-se com uma sensação de rubor. assim como se fossemos púdicas e alguém nos falasse em dívida pública. depois surge o incómodo. não se sabe de quê ou com quê. é um incómodo geral. depois chega uma comichãozinha. coisa leve e tentamo-nos a observar no espelho e descobrimos uma borbulhagem quase púrpura, mal distribuida e a coisa espalha-se. chega ás costas, ao peito, náuseas,  mas apesar de tudo adormece-se. depois  acorda-se a meio da noite, ou antes disso, mas convencionou-se que quando se acorda antes do amanhecer estamos a meio da noite, e não se respira devidamente.

tenta-se apanhar todo ar em grandes golfadas, mas não resulta. e a solução é ficar muito quieta, tão quieta que dê para enganar o corpo convencendo-o que não precisa de muito oxigénio… e com cada inspiração chega a memória da primeira vez; e revejo as cortinas brancas com bonecos pequeninos, a colcha amarela em quadrados de lã tecida, a posição da cama de ferro e o levantar-me a correr para abrir a janela e tentar respirar.

e lentamente a coisa acalma e volta-se a cair no sono, ainda muito quieta, enrolada na mesma posição. muito muito quieta. de manhã acorda-se já a respirar normalmente, mas o corpo, aborrecido com o truque fácil da imobilidade, vinga-se com um pescoço que se recusa a mover.

e anda-se assim, com o pescoço em posição de quem tem saudades do ontem.

e no dia seguinte a coisa repete-se.

e tudo, tudo por causa da maldita espetadinha com carne de porco…

Porco!

de e já está…

O random.org – um gerador aleatório de números, escolheu o número 11! E eu mostraria a prova se soubesse como é que se copia aquilo e se cola a imagem aqui.

Ainda tentei criar o widget e copiar o html mas o wordpress ficou com soluços….

Ana Morais!

Envia-me o teu endereço postal para carla arroba vendinha ponto net.

Eu confesso que gostei imenso disto e acho que tenho que repetir a experiência…