The Great Craft Disaster

Insulting Craft(s)manship since 2007

de apercebo-me…

apercebo-me de que com a idade passei a usar clichés a uma velocidade impressionante.

Saiem-me, soltam-se-me dos lábios sem que eu tenha qualquer tipo de controlo sobre eles.

apercebo-me também de que falo de Deus. Trago Deus para os meus discursos. Justifico eventos com a vontade de Deus e por vezes, não é para efeito poético. Por vezes efectivamente acredito naquilo.

Acho que à medida que o tempo corre e os anos passam e depois de termos acumulado um conjunto de experiências razoaveis, há coisas para as quais por muito que tentemos não conseguimos encontrar uma justificação plausível para a sua existência. É suposto conseguirmos incutir logica e racionalidade ao que nos acontece mas por vezes ela escapa-nos e por muitos anos que passem e por diversas que sejam as diferentes posições em que nos coloquemos para olhar para as coisas de um ângulo diferente, continuamos a não lhe encontrar um sentido.

Acho que na minha idade, quando trazemos Deus para a boca, materializamos uma realidade; a realidade de que há coisas de que desistimos, há esforços a que deixámos de dar importância, há eventos que relativizámos, não os reprimimos, não os recalcámos, optámos por deixar de os tentar entender, de lhes dar um sentido. E nesse momento Deus entra em nós. Porque está ali um vazio. Apenas por isso, porque não ha mais nada para pôr ali.

Mas por momentos sentimo-nos em comunhão com qualquer coisa e por uma fracção de segundos somos uma pessoa diferente. Fomos tocados, sentimos que de nós emana um certo brilho.

Depois olhamos para o espelho e sentimo-nos ridiculos…

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