Foram 9.
Fez um convite lindo em Inglês.
Em Inglês.
Depois os meninos vieram e falaram e brincaram todos em Inglês.
Brincaram em Inglês porque a partir de certa idade as brincadeiras têm linguas. E à medida que crescem essa linguagem refina-se excluindo outros tipos de comunicação se não estivermos alerta.
Cá em casa manda-se a miuda à escola Internacional e depois imaginamos as sensações dos milhares de emigrantes Portugueses que mandam os filhos para as escolas dos países de acolhimento e vão buscá-los ao fim do dia a um outro planeta sem que ninguém os apoie na ponte entre esses dois mundos.
Na escola dela há meninas Africanas que tiram a peruca de cabelos lisos ao intervalo para arejarem a cabeça explicando que trocam de modelo todos os meses. Há meninas Japonesas que colocam os dois dedinhos no ar em todas as fotos e têm mães delicadas e doces para toda a gente. Há pais que vão ensinar origami e Francês e isto e aquilo e os miudos sentem-se uma comunidade que se reune periodicamente em Assembleia para mostrarem uns aos outros o que andam a fazer.
Mas mais importante do que isso, a minha filha fez 9 anos e pela primeira vez compreendi que ela é completamente feliz.
Em paz com ela própria, com o mundo que a rodeia e com o universo que criou.
E é nisso que ambos pensamos quando nos agarramos um ao outro na vã tentativa de não morder os pulsos quando ela toca pela enésima vez o “Persian Market” na pianola…
Parabéns, querida!
9
Foram nove…