agora que está na escola, e que por lá ficará por mais 12 anos – até ser dada como crescida e eu cheia de orgulho a ir fotografar a cair de bêbeda num cortejo académico – agora, vive-se de coração nas mãos.
Ou melhor, eu vivo de coração nas mãos. Numa aflição tremenda tipica de quem faz isto pela primeira vez e quer equilibrar o deixar crescer e encontrar caminho, com o interferir porque a caminhada é sinuosa.
Hoje, cheguei brilhantemente, sozinha, por volta das 6 da manhã, à conclusão de que será preferivel ralhar à minha filha por andar a dar porrada nos outros, do que consolá-la por ter levado ela porrada. Porque agora já não são os empurrõezinhos do infantário. É murro e pontapé.
No caso dela, pontapé em grupo.
agora que está na escola, é muito pouco interessante observar a teia de solidariedade que surje já em rascunho entre os meninos, a temperamentalidade e fluidez das relações entre as meninas e a forma como este micro-cosmo representa tão precocemente um mundo para o qual – aos 6 anos de idade – eles ainda não se deveriam estar a preparar.
Eu insisto para que o meu fale sempre com um adulto que esteja por perto mas os olhos dele dizem-me que não vale a pena… Que não vale a pena. Porque os adultos que assistem a isto não resolvem o problema. Ralham, castigam, separam, mas não resolvem. Acho que nunca passou por algo tão grave como descreves aqui, mas só de pensar que o meu filho tem que passar por empurrões, pontapés, enfim, pela frustação dos outros e, inevitavelmente aprender a defender-se tira-me muita da esperança que tenho na vida.
Isso não pode acontecer.
a sério ? isso é assim tão violento ?
as escolas tornaram-se espaços de violência. há o medo da disciplina. os pais não o permitem. por vezes tenho a sensação que grande parte da interacção com as crianças é feita tendo mais em conta a forma como será interpretada pelos pais, do que o proprio beneficio da criança. em miuda possuiamos um receio louco de ser sensurados pelos auxiliares educativos no espaço do recreio; crianças tão pequeninas quanto os 6 anos de idade não os vêem como fonte de autoridade – não vêem qualquer adulto como fonte de autoridade. esta situação regista-se em qualquer estrato social. estamos a criar uma geração de filhos únicos adorados devotamente por toda a familia que anda a toque de caixa das vontades dos meninos. eu não sou defensora do estalo. nem sei como reagiria se alguem desse um estalo à minha filha, mas os pais têm que encontrar formas de exercer autoridade e ensinar regras básicas de interacção que não passem pela brincadeira bruta.
eu comprava-lhe umas caneleiras para ela ainda se sentir mais na boa.
olha, e se atendesses o telefone ou telefonasses de volta? já agora…
que? onde? acho muito grave e se na escola nao fazem nada dava-lhe o mesmo conselho…
felizmente fizeram, o que causou na Gui uma sensação de conforto na justiça, e na mãe a sensação de que é ouvida. dormiram ambas muito relaxadas 🙂
….não vêem qualquer adulto como fonte de autoridade. esta situação regista-se em qualquer estrato social. estamos a criar uma geração de filhos únicos adorados devotamente por toda a familia que anda a toque de caixa das vontades dos meninos…
Alexandra, tiraste-me as palavras (letras) da boca! O meu Alexandre está a passar por algo igual, ele é muito pequenino (fisicamente) e não consegue enfrentá-los, felizmente as auxiliares e professora já me conhecem bem e protegem-no um pouco.
é terrível sim! sinto o mesmo! a minha foi assaltada na segunda ou terceira semana de aulas!!! 😦