na capulana diz: “Hata Bado Hujasema Utasema Sana” que significa simplesmente “mesmo antes de falares vais já dizer muito”
pois é…
na capulana diz: “Hata Bado Hujasema Utasema Sana” que significa simplesmente “mesmo antes de falares vais já dizer muito”
pois é…
demorou… mas a capulana está quiltada e quente e linda!
acho eu, claro…
one down, three to go!
lentamente volto ás manualidades e ás capulanas da Pépé recheadas com o batting da Rosa.
o que eu gosto no quilting e no patchwork não são os elaborados recortes as combinações extraordinárias das formas e das cores, as composições fenomenais que se transformam em obras primas.
desde miuda que gosto dos retalhos costurados. se virmos a maioria das ilustrações de contos do “meu tempo”, invariavelmente as camas dos meninos são cobertas com colchinhas aos retalhos. este é o quilting que eu gosto; aquele mais infantil, mais básico.
mas acima de tudo o que eu gosto no quilting é a forma como se costuram afectos. e ao passear-se na internet vamo-nos deparando com obras extraordinárias de celebração do sentimento.
umas mais simples e alegres que celebram a vida que chega, outras mais tristes que se transformam em actos terapêuticos de lidar com a dor (confort ou passage quilt).
a ideia não me entusiasma, mas enternece-me.
não me entusiasma porque me assusta…
e depois de dois dias activos em modo quilteira, novamente a paragem! dentro de casa a mesa é pequena. Lá fora chove…
Mas gosto deste tempo!!!
Há dias em que apetece fazer tudo à mão. Pegar em qualquer coisa, fio, pano, botões e construir um objecto sem que mais nada possa interferir.
Há dias em que o nosso desejo ou a frustração de não conseguir controlar o que nos rodeia, ou o que nos afecta, ou o que interfere com o nosso trajecto, nos leva a pegar em fio pano botões e construir um objecto onde controlamos todos os passos.
Sem máquinas de costura a desviarem-se para o lado que lhes apetece, sem bobines que não bobinam, sem agulhas que paralisam.
Não, tudo assim na ponta dos nossos dedos. A crescer, a ganhar cor, a ganhar forma ou desforma.
Mas a brotar como se fosse Primavera. E com joaninhas a trepar até chegarem lá ao cimo que não se sabe bem onde é, porque um cachecol é coisa mais ou menos redonda, mas que quando lá chegam abrem as asas e voam.
Voam.
quando fiz os meus primeiros quilts de capulanas – dito assim parece que foram muitos na verdade foram só dois mas estão vários em processo de… – várias pessoas me escreveram a perguntar onde arranjava os panos dado os padrões serem um pouco diferentes do que normalmente, por estas bandas, se associa aos panos Africanos.
já tinha dito que num post anterior que eram capulanas Moçambicanas, não forçosamente originais de lá, mas compradas lá , em Pemba, e a sua maioria produzidas na India para o mercado da Tanzânia. sim a aldeia global!
julgo que chegou a hora de apresentar a cara da pessoa que as escolhe minuciosamente e lhes faz os devidos testes de resistência e qualidade.
na foto que se segue apresento-vos o sr. Mumuca, o meu dealer textil, sedeado no norte de Moçambique e que leva verdadeiramente a sério esta delicada tarefa.
segredo desvendado!
Nota: o apêndice patal que espreita entre os panos é da progenitora, que ao que consta financia a operação. Fica aqui a garantia de que todos os panos são lavados aquando a sua recepção…
Em Janeiro estávamos em Bali. O novo ano trouxe chuva, vento, um mar agitado e uma espécie de esquilos a saltitar de árvore em árvore.
Passámos a noite no “flying piano” até os proprietários se começarem a despir
Em Fevereiro inicia-se o processo de desencanto. A Gui adoece pela primeira vez e nasce a Leila. Começa a sentir-se cansaço, um certo esgotamento… mas há pequenas coisas que nos fazem querer gostar.
Em Março a Gui faz 5 anos e adoece sem que se saiba o que tem e decidimos deixar Timor. Apresento a minha demissão e entro em negociações de data de saída!!!
Em Abril vamos a Bali para fazer exames e férias. Ao terceiro dia adoeço e fico sob vigilância médica num quarto no Hotel! Mesmo arrastando-me, fiz compras!
Em Maio intensificamos as sessões de panquecas e maple syrup com a Rita e o Abade. Temos um acidente de automóvel e descobrimos o “Dr.” Luis que recebe Baucau ás quartas e sábados e tem dois dentes de leite. Medicina alternativa em Los Palos…
Parte de Junho foi passada na cama em recuperação, gerindo o escritório à distância. O cansaço é cada vez maior. Consegue-se “autorização” para terminar o contrato no final do mês seguinte.
Julho, eleições em Timor. A UN trabalha desalmadamente durante quase 3 dias!!!! Reunimos quase 200 professores no meio do caos e da instabilidade despedimo-nos e partimos. Para Bali.
Agosto. Portugal, descanso e uma visita ao hospital. Perdemos uma amiga no Benim.
Em Setembro chega o Dalai Lama, parte o Balzac e inicia-se o periodo do desinteresse!
Em Outubro renasce a fada do lar que há em mim e começo a recortar os jeans cá de casa.
Em Novembro nasce o “the great craft disaster”. Um sucesso estrondoso na blogosfera portuguesa apenas comparável ao rigor ortográfico do Abrupto.
Em Dezembro faço a minha primeira venda internacional para o estrangeiro. Para Austrália!!!! A Austrália é no estrangeiro! e fico tão cheia de mim, que celebro com imensas torradas com manteiga Açoreana.
Este foi 2007. Um ano pouco emotivo. Poderia ter sido pior. Poderia ter perdido dois ou três dentes ou descoberto orgãos internos masculinos.
Terminei o ano de mãos ocupadas e descobri que isso me dá uma satisfação total.
essa satisfação levou-me a compreender que na minha vida profissional preciso de ver resultados imediatos. que preciso de me envolver em projectos com objectivos de implementação rápida e efeitos de curto e medio prazo. preciso de usar as mãos. de ver coisas palpáveis a sair delas. como o patchwork, como os teddies. coisas que aquecem .
do Great Craft disaster tirei a experiência de aprender a gostar de receber feedback. de me acanhar, mas sabendo que o essencial é não me levar muito a sério, tirar um prazer enorme de saber que as minhas coisas passam por mãos que não conheço, e que as embalagens ao chegar causam emoções semelhantes ás que tinha quando me limitava a recebê-las. e para onde quer que o meu próximo trabalho me leve, sei que levarei o Craft Disaster comigo, adaptando-o ao local, e ao tempo, e à disponibilidade, mas sabendo que preciso dele e da calma que vem de uma tesoura e uma agulha e tecidos que falam quando por eles passamos as mãos.
Amanhã retomarei a rotina e os envelopes em faltam serão enviados.
(Incluindo o da paciente Kooca!!!)
Bom Ano para todas. que os vossos respectivos Deuses vos apontem o caminho e mesmo não vos desviando dos solavancos da viagem, vos dêem a força para se erguerem de nariz ao alto e olhos nas estrelas.
acho imensa piada a cortar pedaços de pano e juntá-los uns aos outros.
não acho grande piada a fazer composições elaboradas.
mas decidi fazê-las.
para a semana vou experimentar.
por várias razões. digamos por 3 razões porque todo o bom raciocionio e toda a boa argumentação deverá ser dividido em três partes.
1ª porque tenho que perceber o porquê deste vício que alastra pelo mundo há mais de duzentos anos.
2º porque tenho que perceber se é tão dificil como querem fazer parecer
3º porque sim, ora.
Entretando fui experimentando o patchwork mais simples. não por ser mais simples mas por ser o meu favorito. E tive que usar os quadrados e as bolinhas, porque esses são os padrões que sempre associei ao patchwork. As bolinhas por uma razão extra; os lençóis que preferia no berço do meu irmão do meio, eram azuis com pintinhas brancas. e tinha também uma camisinha minuscula com o mesmo padrão e umas rendinhas mínimas muito delicadas. e eu com 5 anos de idade achava que todos os bébés se deveriam vestir assim. e que os sapos se tivessem sarampo deveriam ficar com aquele aspecto e que se a pipi um dia trocasse de meias, calçaria umas com aquele padrão.
creio que o irei usar muitas vezes, em coisas diferentes mas muitas vezes.
As experiências com os quadrados já são antigas. foram feitas várias tentativas ao longo dos anos todas elas fracassadas. fracassadas e inacabadas. os tecidos que utilizem estavam meio perdidos na retrosaria e são ligeiramente diferentes dos actuais; são mais grossos e o avesso é liso na cor predominante do tecido. assim para além de usar as duas cores escolhidas, brinquei também com os avessos, criando a ilusão de possuir 4 padrões diferentes. Esta colcha foi feita a pensar em mim, apesar de não caber na minha cama (esta foi feita sem querer em tamanho de cama de casal), tem rendas quadrados e lisos todos misturados e precisa de madeiras e ferro para se sentir feliz. Tem um ar de verdadeira manta de retalhos assim como se se tivessem aproveitado restinhos de tecidos.
Quis tanto fotografá-la que me esqueci de a passar a ferro.
Tive tanta dificuldade em fotografá-la que acabei por a embrulhar ainda mais!
e um dia ainda vou aprender a colocar aqui as fotos devidamente enquadradas no texto!!!
Ambas (ou ambas as duas como se diz na televisão!) as colchas estão disponiveis. Existem ainda dois ursinhos pirosos feitos no mesmo tecido. Porque o kitsh só é kitsh quando o elevamos ao extremo!!!:-)
E para tornar este post ainda mais longo e com mais informação do que aquela que é visualmente possivel absorver, terei ainda que vos mostrar as oh tão macias oh tão quentinhas mantas!
Esta foi feita com tecido polar dos mais quentinhos e batik manual Balinês. Quando falo em manual refiro-me á técnica de carimbo, daqui a pouco explico o que isso é.
Gosto em especial deste tecido por ser manchado. A cor não foi distribuida uniformemente havendo tons mais escuros e mais claros de lilás.
gosto do tom lilás pelas diferentes conotações e símbolismos politicos que foi assumindo ao longo da história.
agora que já dei um tom mais intelectual à descrição da manta, passemos à seguinte!!!
esta aqui não é um batik manual, é na verdade um impressão mais industrial mas feita de uma forma tão rudimentar que aos olhos ocidentais pode ser chamada de artesanal. Cada pana é trabalhado separadamente não havendo cortes de tecido. Os padrões utilizados são antigos e tipicamente javaneses e o algodão é leve e macio.
e mais alguma coisa para dizer?
hummmmmm, que as mantas tb estão disponiveis. que está frio e vocês nem sabem o quanto precisam delas, que as botijas naturais estão a ser um sucesso e que sim, é verdade, a minha mãe é a minha melhor freguesa…