da infância…

                                                                                                                          

os óculos… os bróculos… os dentes a cair… os pés grandes… os caracóis… os saltos altos… o verniz torto nas unhas… o rosa… as plumas… tudo o que brilhe… que passe depressa… que passe com vagar…

de confissões

confesso que os meus ursos não me dão prazer a fazer.

os meus ursos são complicados, cheios de detalhes, qualquer pequena imperfeição é ampliada ao serem enchidos.

os meus ursos ficam-me caros, por causa dos tecidos, por causa dos olhos, por causa do enchimento.

os meus ursos são morosos.

e chatos profundamente chatos, porque se a linha não for bem daquele tom, fica mal, porque se o pescoço não for cosido em determinada direcção, fica torto, e se o braço ficar uns milimetros mais atrás ou à frente da perpendicular ao eixo da articulação da perna, fica desiquilibrado…

os meus ursos são um exercicio matemático…

mas prometi a mim mesma acabar todos os que foram projectados, e por isso a partir de daqui a 15 minutos, prometo dar-lhes cabeças e pernas e uma biografia… não quero que os bichos cheguem assim ao mundo sem passado… ao contrario das mulheres que é suposto não o terem e dos homens de quem se espera um futuro…

Em Bangkok encontrei um bichinho que não resisti a comprar.

Chama-se B Monster (ainda não o fotografei) e pertence a uma colecção de bonecos todos iguais, variando apenas os tecidos. A fórmula já está gasta, mas eu gosto. O B Monster é tão simples que irrita, mas terrivelmente simpático e surpreendentemente agradou à Gui…

Não percebo esta minha mania de fazer bonecos em 3D. É lógico que gosto quando vejo as pequeninas agarradas a eles, quando os vejo baptizados e enquadrados na família, enfiados nos saquinhos personalizados em que gostam de viajar, mas a morosidade do processo leva a que no final não sinta prazer ao olhar para eles, mas apenas um profundo alivio por a tarefa estar terminada…

Descobri através do etsy uma bonequeira fantástica que faz as bonecas que eu gostaria de fazer se me tivesse lembrado disso e se soubesse como.

São bonecas de trapos. Mas verdadeiras bonecas de trapos. sem olhinhos delicados e cabelos louros. São básicas, toscas, poderiam ter sido feitas por meninas sem mais nada com que brincar, e é fácil imaginar rostinhos sujos a brincarem com elas no meio de milho alto (demasiadas horas na infancia dispendidas a ver a “Casa na Pradaria…”) Estas bonecas fazem parte de uma corrente de crafters chamada de Primitiva (Primitive Artisan). As bonecas produzidas segundo este conceito, fazem lembrar filmes de terror de segunda categoria cheios de crianças fantasma.

Eu gosto!

 

de tuga forever…

o verdadeiro drama de se ficar alojada numa zona chique de uma cidade Asiatica reside no facto de se nao arranjar por perto uma loja interessante de falsificacoes genuinas.

ficar num hotel de cinco estrelas sabe bem. sabe mesmo muito bem. Mas quando pedimos ao condutor da limosine – sim eu disse limosine – para nos levar rapidamente a uma zona comercial – tendo em mente o prodigo magnet para o frigorifico, o chinelinho do dedo em bambu e os oculos praticamente de sol, ele leva-nos ao Emporium.

No Emporium passeamos com os pes ainda inchados da viagem de ha dois dias em classe turistica, pelas lojinhas da Chanel, da gucci, do vitton e no final concluimos que a Calvin e barata e nao se enquadra no local.

No Emporium existe uma livraria Japonesa com 5 filas dedicadas a revistas craft. e sao tantas, tantas, que se acaba por nao trazer nenhuma…

No emporium ha uma zona fantastica de restauracao onde as salsichas sao redondas e tudo cheira a amendoim. Escolhe-se, aponta-se com o dedo e depois passeia-se calmamente, com um ar distante e empertigado, entre a Hermes, e a Rolex, a mordiscar sate directamente do saco plastico…

 

(fotos quando chegar a casa…)