começa-se com uma sensação de rubor. assim como se fossemos púdicas e alguém nos falasse em dívida pública. depois surge o incómodo. não se sabe de quê ou com quê. é um incómodo geral. depois chega uma comichãozinha. coisa leve e tentamo-nos a observar no espelho e descobrimos uma borbulhagem quase púrpura, mal distribuida e a coisa espalha-se. chega ás costas, ao peito, náuseas, mas apesar de tudo adormece-se. depois acorda-se a meio da noite, ou antes disso, mas convencionou-se que quando se acorda antes do amanhecer estamos a meio da noite, e não se respira devidamente.
tenta-se apanhar todo ar em grandes golfadas, mas não resulta. e a solução é ficar muito quieta, tão quieta que dê para enganar o corpo convencendo-o que não precisa de muito oxigénio… e com cada inspiração chega a memória da primeira vez; e revejo as cortinas brancas com bonecos pequeninos, a colcha amarela em quadrados de lã tecida, a posição da cama de ferro e o levantar-me a correr para abrir a janela e tentar respirar.
e lentamente a coisa acalma e volta-se a cair no sono, ainda muito quieta, enrolada na mesma posição. muito muito quieta. de manhã acorda-se já a respirar normalmente, mas o corpo, aborrecido com o truque fácil da imobilidade, vinga-se com um pescoço que se recusa a mover.
e anda-se assim, com o pescoço em posição de quem tem saudades do ontem.
e no dia seguinte a coisa repete-se.
e tudo, tudo por causa da maldita espetadinha com carne de porco…
Porco!
Aconselho Ramadão! sem porco e com muita fominha….(de dia).
Cruzes!!! E eu adoro carne de porco. Que medo!!!
Ai Ai…. tudo por causa de uma espetada de porco?????????????
Maromak
Beijinhos para as duas
és mesmo prosaica, eu fico (fiquei que não arrisco re-tentar) assim, mas é com a penicilina, as ampicilinas e derivados, muito mais sofisticada, eu.