
Irritam-me os blogs intimistas, de grande auto-análise e partilha, egocêntricos, praticamente anais.
Falemos então de mim.
Estou doente.
E repito: estou doente.
E digo-o outra vez: estou doente.
Estar doente não é estar fraco, nem fragilizado, nem dependente. Avaria-se-nos uma coisa. Concertamo-la. Ou não. No meu caso concertamo-la e pronto.
E fica-se triste, claro!
E chora-se e tal. Mas depois desperta-se e organizam-se as coisas e é bom quando olhamos à volta e vemos gente. Ou mesmo sem olharmos sentimos a gente lá.
E a gente não nos agarra com abraços nem nos dá beijinhos no dói-dói. Mas procuram links na net, preços, disponibilizam férias insistem em viagens afuguentam ruidosamente a solidão e a angústia que inevitavelmente se sente quando olhamos o espelho e dizemos a nós próprios: “Estou doente”.
E sabemos que tudo vai ficar bem.
Sei que tudo vai fcar bem.
E não vou dedicar muito tempo a pensar nisso.
Começou a chover em Dili. E quando a chuva bate com força no telhado de zinco e me deito no meu quarto agora branco, agora praticamente organizado e sinto a gente através do som das gotas grossas, sei que este é o meu sítio e definitivamente esta é a minha gente.
E tudo está bem.
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