
saudades daquela pele ainda húmida depois do banho e do odor que se desprende dela.
saudades da voz calma antes do dormir, dos olhos meio fechados a tentar provar que ainda não há sono, das pequeninas teimas, do corpo enroscado na almofada, da preguiça ao acordar, das mãozinhas chatas no cabelo, das gargalhadas tontas a propósito de qualquer coisa insignificante, do rosa piroso em todo o objecto.
e tudo isso de volta em dose diária.
e então chega outra saudade.
saudade de quando tinha tempo para fazer lanchinhos depois da escola, acompanhar trabalhos de casa, participar em actividades, levar-te, trazer-te a todo o sitio, a qualquer hora, sem olhar para o relógio, sem ter que correr para o escritório, sem me justificar perante chefes estéreis de afectos.
e temos aqui o mar ao lado. e passamos por ele todas as manhãs. e hoje estava azul quase transparente porque não choveu. E deixamo-lo em hold até não haver reuniões onde os adultos tomam decisões de grande importância com impacto relativo.
E a saudade que fica é a de quando tudo o que eu fazia era ser tua mãe e os dias me devolviam uma satisfação em nada comparável à de um relatório sem correcções…
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