das boas intenções…

Como somos gente asseada resolvemos limpar, dado não termos quem o faça por nós e não haver coragem para procurar alguém que o queira fazer, sem nos levar metade do que temos para a sua propria casa. E a coisa arrasta-se… arrasta-se.

A pequena ajudante é de uma grande eficiência e detalhe.

Mas será justo?

A pequena ajudante está a ficar toda crescida nos seus 12 anos.

Sol

A minha pequena Gui é uma menina boa. E de tudo o que poderia dizer dela o que mais gosto de dizer é que é uma menina boa. Preocupa-se,  observa, cuida. É um ser humano inteiro.

E eu gosto de olhar para ela e pensar que fiz parte dessa construção. E ao pé disso, nada mais tem valor. Nada mais interessa.

Dona e Cão

Quanto ao amigo dela, esse de orelhas, é simplesmente insuportável!

de sexta…

hoje é sexta feira.

as sextas são dias de grandes planos para mim. às sextas os meus fins de semana parecem semanas de 10 dias com todos os planos que faço caber dentro desses dois diazinhos.

Mas em regra as coisas não passam da minha cabeça. Morrem ali em silêncio, muito quietinhas abafadas pela preguiça do sábado de manhã.

Agora que não temos empregada, a miuda de quem eu gostava imenso e me deixou sem remorso e sem mil dolares na carteira, as manhãs são silenciosas. Os vizinhos não fazem barulho, a rua é calma e tudo conspira para a improdutividade.

e nós obedecemos quietos de baba no canto da boca, mãos em abandono sobre o peito, uma perna para cada lado, na imensidão que é a cama Balinesa que herdámos da senhoria.

A boca seca, o copo que se procura de olhos fechados, os cães estrategicamente no jardim, o jardineiro em solidariedade na sombra do alpendre, as tekis quietas, os tokes escondidos, a Gui dormente de adolescencencia. Tudo coopera. E as manhãs passam mornas no Bairro do Farol, quase quase em Mandarim. E o tempo, de ponteiros discretos vai fazendo o seu caminho sem se fazer notar. e subitamente é noite de Domingo….

E sonha-se com a sexta.

as sextas são dias de grandes planos para mim. às sextas os meus fins de semana parecem semanas de 10 dias com todos os planos que faço caber dentro desses dois diazinhos.

Vai ser este! Vai ser este fim de semana…

de novo ano…

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como sempre chuva. Não uma simples chuva, mas uma chuva torrencial onde não se ouvem gotas a cair mas sim água a ser descarregada tipo lavadeira zangada na Alfama de antigamente a atirar pela janela os despojos da casa.

adia-se o jantar… e volta-se a adiar o jantar… e por mim ficava assim deitada em frente ao ar condicionado a 16 graus, enroscada, na ilusão de que aquela é chuva fria e de que lá fora é inverno.

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as mangas continuam a cair copiosamente, surgem nao se sabe bem de onde porque arvore nenhuma poderá produzir frutos tão abundantemente.

Com coragem partimos para comer ostras e grandes bifes, debaixo da chuva forte. Com grande coragem e pouco amor proprio arrastamo-nos até ao destino final onde anglofanos celebram o Hogmanay. Depois do meu habitual brilharete a dançar o “strip the willow” e das esforçadas tentativas do Gonçalo, quase sem fôlego, prometo a mim mesma este ano fazer exercicio (fôlego recuperado e promessa esquecida).

O ano novo chega sem exuberancia latina. Muito fogo de artificio. 360 graus de fogo de artificio.

No dia seguinte há mais fogo e vê-se da porta da cozinha.

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e percebemos a vantagem de viver no centro da cidade!

fazemos ahhhhhhh e ohhhhhhhh e uauuuuuuuuuu como as crianças e fica a sensação de que por muitas passagens de ano que vivamos continuaremos fatalmente a reagir infantilmente, senhores dos constantes deslumbramentos, aos artificios dos dias.

Que seja!

Volto para o sofa e a Gui faz-me tranças !

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de estação da chuva…

A longa época das chuvas traz-nos o desassossego das mangas generosamente produzidas pelas mangueiras do jardim a cairem-nos biblicamente no telhado da casa. Com as chuvas fortes, o chão fica coberto de manchas verdes e amarelas. Com o sol que rapidamente seca a terra, vêm as moscas da fruta e os meninos da vizinhança. Os meninos da vizinhança usam a sofisticada tecnica de aremesso de pedras até acertarem na fruta e depois logo se vê. Penduram-se perigosamente no muro e eu grito-lhes do lado de cá da janela. A janela tem grades e tem rede mosquiteira sendo dificil verem-me do lado de fora. A cada berro meu os meninos viram-se tentando descobrir de onde veio o som, com ar atordoado. Giram a cabeça de um lado para o outro ficando imóveis, pendurados nas grades afiadas, furando a rede…

As mangas roubadas com sucesso são mordiscadas e atiradas para o chão; o prazer do roubo sobrepõe-se ao prazer do sabor.

No jardim vão-se encontrando os sacos escondidos cheios de mangas ainda verdes – projecto pessoal do guarda da casa.

Sente-se um cansaço…

Donos e Senhores de tanta Manga, tomamos medidas. Lêem-se receitas através da abusivamente dispendiosa internet. Toda cheias de açucar, todas com termos tecnicos de caldas. Decidimo-nos por uma simples e preguiçosa e fazemos só metade.

manga compote ingredients

Ao açúcar e ao limão originais, adicionamos cravinho, canela, pimenta. Mas ainda não!

prep manga

no liquidificador juntamos as 250g de açúcar com 1kg de mangas.

prep manga

colocamos esta mistura numa panela e acrescentamos meio limão. No nosso caso,1 limão e a canela o cravinho a pimenta e as estrelinhas de anis. A canela não terá sido das melhores ideias -aproxima muito o sabor do da compota de maçã.

resultado final

Ao fim de 30 minutos sempre a mexer – fazer turnos envolvendo crianças e maridos disponiveis – fica pronta e com uma consistencia entre a compota e a geleia.

Retira-se um prazer ridiculo de fazer estas coisas! Uma satisfação muito perto do infantil! 🙂

resultado final!

de Rendang…

Da Ásia teremos saudades da facilidade com que se encontram as ervas dos nossos pratos favoritos.

Da maioria desconhecemos o nome em Português ou não aceitamos as traduções; a erva do principe não pode ser tão aromática como o lemon grass, o galangal não é gengibre e o kerisik é muito mais do que côco tostado. As folhas de kaffir não são limão e descrever o odor é impossivel porque fica algo entre a acidez do citrino e o lemon grass. Gosto de as mergulhar na água quente sem objectivo algum e inspirar o vapôr.

Cooking rendang

O Rendang é um prato comido um pouco por todo o Sudoeste Asiático, tendo nascido na Indonésia. As horas que leva a preparar tornam-no um prato festivo. A carne de vaca/bufalo, é cozida lentamente durante horas e horas e horas até ficar tenra e o molho escuro e espêsso e servida com arroz. Continua a ser um dos nossos pratos favoritos e o odor que se espalha pela casa irá sempre trazer-nos à memória os 11 anos de Ásia.

Rendang done!

Fazemos Rendang nos dias de preguiça em casa,em que ninguém sai e se vai vigiando a carne durante três, quatro, cinco horas. Hoje foi um desses dias.