Categoria: CRAFT

  • de rejeição…

    – Mãnnnnn, acho que já ganhei coragem e amanhã vou dizer ao M que estou apaixonada por ele.

    -Mas, ainda só o conheces há uma semana, certo vale a pena esperar para ter mesmo a certeza… e se ele disser que não gosta de ti, vais ficar triste, não é?

    – Se ele disser que não gosta de mim vou brincar com as minhas amigas. Mãnnnnnnnn, tenho 6 anos!

  • de procura-se…

    mulher relativamente idónea (relaciona-se com esta familia – o que de todo não será uma boa referência), procura desesperadamente casa para alugar na Covilhã.

    se alguém for proprietário, queira por favor contactar a gerência deste estabelecimento!

    obrigada!

    RESOLVIDO!

  • de Schultüte

    Existe um certo tipo de mães que sempre abominei – as que fotografam quase tudo, inclusivé o primeiro cócó no bacio, e insistem em partilhar as imagens com todos aqueles que conhecem.

    À excepção do cócó no bacio, situaçao com a qual nunca lidei de olhos abertos, nem sem dedos no nariz, apesar do amor que dedico à menina, terei que admitir que me transformei num desses seres.

    No primeiro dia de aulas, eu, a menina, a avó e a tia (somos lamentavelmente uma familia pequena), fomos em Embaixada até à Escola. Ocupámos 4 lugares na segunda fila (não gostamos de dar nas vistas) e sacámos das duas máquinas fotográficas (porque possuimos alguma classe, coibimo-nos de utilizar câmaras de filmar).

    Tirámos apontamentos, gravámos números de telefone, endereços de email, listas de material, datas de reuniões, ofereci-me , assim sem ninguém me obrigar, como representante, enfim, um horror de motivação, entusiasmo, medo, pânico, alegria, histeria, típica (prefiro eu pensar) de quem se vê nisto pela primeira vez e exige levá-lo muito muito a sério.

    Mas, quem olhasse para estes Três Tristes Trastes (digam lá isto 5 vezes muito depressa sem se enganarem), assim em redor da pobre criança, a revezarem-se ao lado da cadeirinha dela – já na sala de aula, para tirarem fotos – nunca imaginaria que a loucura não se limitava áquele espaço, a loucura tinha começado muitas horas antes, numa vivenda não muito longe dali…

    Voltemos atrás: O dia amanheceu fresco permitindo vestir as roupas novas compradas segundo a tradição familiar, especialmente para aquele dia. A menina sabia que ía haver surpresa. Qualquer coisa antes da Escola começar. E que seria responsabilidade da tia…

    A Tia chega de olhos injectados (bebe, coitadinha? – pensam vocês. Não. Noite de turno no Hospital…) e começa a loucura…

    Voltemos ainda mais atrás: Alemanha, 1810 (mais coisa menos coisa), alguém se apercebe que o acesso à educação era uma coisa que valia a pena ser celebrada e que as crianças deveriam ver o seu primeiro dia de aulas – de sempre – como um marco. E assim, surge a ideia de pais ou avós oferecerem ás crianças no seu primeiro dia de aulas, no dia em que iniciam uma caminhada no sistema educativo, um cone de papelão com cerca de 85cm (schultüte), onde são colocadas pequenas guloseimas e materiais para a escola. Cada criança recebe o seu cone antes de ir para a Escola e leva-o consigo. Já na escola cada um abre o seu e descobre o que está lá dentro. diz-se que existe nas casa dos Professores uma árvore destes cones e que quando eles caiem, é sinal de que chegou a hora da escola começar.

    Por aqui aconteceu muito mais do que isso!

    Houve o Schultüte:

     

     

    Houve o bolo especial de chocolate:

     

    a abertura:

    as primeiras flores recebidas, e a tia Jana que de olhos vermelhos da noite por dormir (não, já disse que não bebe), transforma um dia especial numa coisa tão mágica que nos fez ir a todos nessa noite para a cama com aquela sensação de noite de Natal, de noite aniversário, em que não sabemos bem porquê, mas tudo parece mais macio, e o mundo e a vida e os dias uma coisa muito boa para se viver.

     

    Küsschen Tante Jana!

  • de dentes…

     

    desta vez a Fada dos Dentinhos trouxe uma Filarmónica.

    Só não tem o coreto!

    A Fada dos Dentinhos tinha planeado dar um músico por dente…. mas a Fada dos Dentinhos não se conteve e enfiou a Filarmónica completa debaixo da almofada….

    As Fadas são muito impacientes…

    Os músicos animaram a refeição…

  • da artista…

    a obra:”Capuchinho Vermelho no Bosque Assustador”

     

    a apresentação pública da obra:

     

    Maria, a oradora principal em pleno discurso:

     

    a foto oficial para os media:

  • de recados…

    Eu queria dizer a esta senhora que tem um blog simpático com um banner fantástico do Indigente Andrajoso, que eu só não roubo porque daria imenso nas vistas,  que lhe deixo aqui este recado dado ela não ter comentários abertos.

    e o que lhe gostaria de dizer é o seguinte: por mais que partilhe a opinião de que não é bonito bater nos homens e de que em alternativa levá-los ao suicídio poderá ser de facto uma opção plausível e que evitará uma série de procedimentos burocráticos a nível dos tribunais que não convirão a ninguém, que acabarão por entupir ainda mais o sistema e criando desnecessariamente heroínas entre o pessoal das penitenciárias, pois por mais que acredite e defenda isso, julgo que não será muito bonito, ridicularizar os pobres que levam porrada em casa.

    Tendo em conta o universo das relações heterossexuais em que existe abuso físico perpetrado pela mulher, na sua maioria as vitimas possuem cabedal superior ao da fêmea. Não são amaricados. Recusam-se simplesmente a responder com violência a uma situação em que sabem que ao optar por fazê-lo sairiam facilmente vencedores. Ao invés, preferem acreditar no sistema e dirigem-se ás esquadras e apresentam queixas entre os sorrisos de quem as recebe.

    eu pessoalmente acho que esses são muito mais homens do que os outros. mas isto são manias minhas…

  • da memória…

    Lembro-me de ter 6 anos e lembro-me do que me lembro dos 6 anos.
    Se até lá a memória era fluida e os acontecimentos ficavam gravados de uma forma mais ou menos aleatória, aos 6 surgiu uma espécie de maturidade da memória com detalhes e carimbos de sensações.

    Lembro-me do primeiro dia de aulas e da posição de quase todos os colegas na sala.
    Lembro-me das minhas canetas de feltro e do roubo do azul royal.
    Lembro-me do sabor do leite, do cheiro da mortadela, da menina mais velha que me atava os sapatos. Do tom de voz do professor para o menino com necessidades especiais. O horror dos intervalos, a amiga imposta, o fim das aulas de judo, a troca de carteira na sala de aula e a tristeza de ver a menina de quem mais gostava longe de mim.
    Os desenhos feios, o professor agressivo, a régua. Os carimbos com passarinhos, o quadro preto, as poças no recreio, as mãos farruscas esfregadas na cara no tempo das castanhas, o meu irmão bebé, a minha bicicleta verde, o caminho para a escola, a montra da Havaneza com a pasta do Becas e do Egas… a televisão na cozinha, os Domingos com os avós sem sair de casa, Superfresco de ananás, leite de chocolate UCAL, omoletes de atum na merenda da senhora da limpeza. Uma tia-avó de buço, numa casa que parecia de bonecas, aparas de hóstias em saquinho de plástico, a camisola verde de lã que picava, falta de dentes, a colcha amarela…

    E agora, estes anos todos depois, sinto um frio no estômago quando o recordo. E não sinto saudade.
    E agora, estes anos todos depois, chega a vez dela…e não estou entusiasmada… E a sensação que fica é de que tudo é demasiado breve. Mas demasiado longo na memória que deixa.

  • de BLOG ACTION DAY…

     

    O Blog Action Day de este ano, 15 de Outubro, foi lançado hoje e terá como tema a Pobreza.

    À semelhança  dos anos anteriores, os bloggers são convidados a divulgar a iniciativa e a envolverem-se de formas diversas desde a adopção do logo, ao donativo de um dia de trabalho, a ser voluntário fazendo traduções para a organização ou comprometendo-se a desenvolver o tema através de um post no dia 15 de Outubro.

    Depois do prémio Nobel da Paz ter sido oferecido a um activista do micro-credito, é bom constatar a associação da Organização ao KIVA de que já tinha falado aqui antes.

    Para se associarem à iniciativa, basta clicar no logo no canto superior direito desta página ou na foto deste post.

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    food for thought; sempre bom revisitar os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio e passar os tradicionais breves segundos de pasmo pela complexa humildade dos mesmos. 

  • de How not to be seen…

    estranhamente, confesso, esta foi sempre a minha cena favorita!

    e hoje encontrei-a!

  • de espíritos…

     

    Combato a insónia com um pouco de TV, na esperança de cansar os olhos.

    Passa uma reportagem sobre Avós Adoptados ; sobre famílias de acolhimento. Mas famílias de acolhimento para idosos. Um programa que existe há cerca de 20 anos e que ninguém conhece.

     Numa das casas uma velha acolhida viúva há 10 anos, fala no marido no presente e diz:

    -Ele morreu. Foi enterrado, fez-se o funeral e passados dois dias apareceu-me lá em casa á noite e pronto, voltou. Morreu só dois dias.

     

    Insinuam-na senil.

     

    E eu cheia de Allendes e Marquez e Chilóes na cabeça, acho isto muito natural.

     Acho natural que um homem sem filhos que viveu toda uma vida com uma mulher, ao 2º dia se aborreça de estar morto e volte para ao pé dela.

     

    E que só assim o amor faça sentido.

  • de alfazema…

     

     

    saudades do cherinho a alfazema…

    das gavetas que se abrem e soltam cheiro a avó…

    depois de ver o coração da Techamama, não resisti e fui fazer os meus…

     

  • de heat packs…

     

    uma nova leva nos padrões habituais. Disponiveis AQUI.

    para as maleitas do costume…

  • de fatalidade…

     

    – porque és tão linda, minha querida?

    – não sei! olha, nasci assim, percebes?

  • de macaca…

     

    nunca me tinha apercebido de que a macaca é assim uma coisa muito parecida com a vida.

    ha umas pedras no caminho, tenta-se passar-lhes por cima, de preferência sem pisar o risco.

    e ao baixarmo-nos para as apanhar, o segredo é tentar manter o equilibrio…

     

  • Brandi Carlile – The Story

    imaginava a miúda assim de meia idade, de cigarro numa mão e copo na outra.
    imaginava a letra melhorzinha e agora que lhe prestei atenção é uma baboseira comum de atravessar montanhas e rios por ti por ti porque fui feita para ti.
    maas com uma interpretação destas e um figado aparentemente em condições, perdoa-se-lhe.
    saudades do marquês da sé em finais de 80…

  • de aniversário…

    hoje faço anos.

    muitos.

    gostei deles todos.

    já recebi prendas.

    gostei delas todas.

    e desta também!

  • de não há nada como a nossa casinha…

    Frei João Rabão, hamster de dente afiado nascido numa gaiola humilde de uma loja de animais na província, transitou para este lar numa gaiola de viagem com a promessa tipicamente Portuguesa de que seria temporária.

    Algum tempo passado e sem alteração a nível logístico, o pobre constrói um ninho fabuloso constituído essencialmente por restos de batting da Retrosaria da Rosa, dentro de um cubo com entradas por vários lados, que se não estou em erro teria sido um brinde numa pizzaria qualquer e que em principio serviria como suporte para lápis.

     

    Os dias eram passados no seu interior em repouso completo sem contacto com o exterior.

    Gente bem intencionada, resolve oferecer à criança proprietária do bicho, não uma simples nova gaiola, mas sim uma senhora gaiola com tubos que saem por todo o lado, imensas cores, uma espécie de biberão para a água e mais muito mais importante que isso, em anexo, uma torre de 3 pisos com ameias!

     

    Frei João Rabão, o hamster de dente afiado nascido numa gaiola humilde de uma loja de animais na província, foi transferido para as novas instalações com pompa e circunstância. E como havia castelo ele foi coroado rei e passou a ser chamado de Rei Frei João Rabão.

    E 6 ou 7 adultos de áreas diversas e semi-complementares (engenharia civil, informática, geografia, física, enfermagem, matemática e sociologia) dedicaram um período significativo da sua tarde de sábado a lançar palpites diversos sobre as alterações a fazer à estrutura de tubos e percursos.

    E mais ou menos em silêncio incitava-se o recentemente coroado rei a passar de uma encruzilhada para a outra, a explorar uma subida e uma descida, assim como se a média de idades não fosse muito superior à da proprietária…

     

    E chegou a noite, e todos se recolhem mas por volta das 4 da manhã eu levanto-me e verifico que o Rei tinha chegado ao terceiro piso da torre onde o aguardava uma reserva extra de batting. E fui dormir descansada e feliz por ver um pobre a subir na vida assim, sem grande esforço.

    De manhã quando acordamos, damos com o Rei de costas voltadas. E a proprietária ao tocar-lhe sente-o frio.

    Morreu.

  • de velhas e pássaros…

     

    diz que é uma velhinha, tem um gato, faz sopa (mas que não a come), e tudo tudo em redor é dela!

    que passa os dias ali sentada e que de vez em quando levanta os braços e agita-os para afastar os pássaros.

    estes pássaros não falam.

    mas são incomódicos!